segunda-feira, 12 de março de 2012

AMOR PERFEITO

Não existe amor perfeito, se o coração não é perfeito. Amor não
se pesa, não se mede, não se avalia. Não se dá, não se perde, não
se rouba. O amor sozinho é suficiente a si mesmo. O que nos resta
é a nossa capacidade para entendê-lo, acolhê-lo e tomarmos conta
dele sem que possamos alterá-lo na nossa vida de alguma forma.
O amor se oferece a nós gratuitamente, como todo dom. Mas
questionamos sempre. E tropeçamos nas nossas pernas tentando
moldá-lo ao nosso jeito, à nossa visão, à nossa vontade como se ele
fosse uma coisa qualquer que pudesse ser modificada. Somos pequenos
e o amor é grande; somos pequenininhos e o amor é imenso, rico,
cheio de mistérios e felicidades que nem podemos imaginar que existam.
E perdemos o amor porque perdemos a razão dele. Perdemos, porque
perdemos o senso de nos contentar com o que ele pode nos oferecer.
Perdemos, porque exigimos demais, cobramos demais, sufocamos demais.
Ser feliz no amor é guardar a capacidade de vê-lo feliz. Se fazemos
dos nossos braços uma prisão em nome do amor, a quem fazemos feliz?
Com nossa insaciável sede de querer ter sempre mais do que a vida nos
oferece acabamos sem nada, porque não soubemos valorizar o pouco,
mas verdadeiro, que recebemos. Jogamos fora com nossas mãos o que
nelas foi colocado para ser bênção. E tudo isso porque somos humanos,
seres feridos e cheios de cicatrizes, sangrados e machucados pelos
percalços da vida. Mas quando a gente ama muito uma pessoa precisa
aprender a deixar a própria dor de lado de vez em quando para estar do
lado da pessoa que a gente ama, principalmente se sabemos que essa
pessoa está ferida também. E não é bom questionar o amor, mas vivê-lo;
porque o amor em si, mesmo imperfeito, já é um presente sem preço.

(Leticia Thompson)

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