"Saudade - O que será... não sei... procurei sabê-lo
em dicionários antigos e poeirentos
e noutros livros onde não achei o sentido
desta doce palavra de perfis ambíguos.
Dizem que azuis são as montanhas como ela,
que nela se obscurecem os amores longínquos,
e um bom e nobre amigo meu (e das estrelas)
a nomeia num tremor de cabelos e mãos.
Hoje em Eça de Queiroz sem cuidar a descubro,
seu segredo se evade, sua doçura me obceca
como uma mariposa de estranho e fino corpo
sempre longe - tão longe! - de minhas redes tranquilas.
Saudade... Oiça, vizinho, sabe o significado
desta palavra branca que se evade como um peixe?
Não... e me treme na boca seu tremor delicado...
Saudade..."
Pablo Neruda, in "Crepusculário"
Tradução de Rui Lage
(Pablo Neruda Poeta
Chile 1904 // 1973)
SAUDADE
“O tempo não para! Só a saudade é que faz as
coisas pararem no tempo...” (Mario Quintana)
“Quando se ouve boa música fica-se com saudade de
algo que nunca se teve e nunca se terá.” (Samuel Howe)
“Aos olhos da saudade como o mundo é pequeno.”
(Charles Baudelaire)
“A saudade é a nossa alma dizendo para onde ela quer voltar.”
(Rubem Alves)
“Saudade é ser, depois de ter.” (Guimarães Rosa)
“Saudade é um pouco como fome. Só passa quando se come a
presença. Mas às vezes a saudade é tão profunda que a presença
é pouco: quer-se absorver a outra pessoa toda. Essa vontade de
um ser o outro para uma unificação inteira é um dos sentimentos
mais urgentes que se tem na vida.” (Clarice Lispector)
Saudade é a prova de que vivemos.
As alegrias e as tristezas; o passado que ficou “lá” e o
futuro idealizado que há de vir; as coisas experimentadas
e outras não completadas; o aperto no peito, o sorriso
nos lábios...
Saudade é uma prova vital da sensibilidade quando se
fala de vida e de sentimentos.
Saudade é a felicidade daquele que viveu, acreditou na
vida e guardou as lembranças queridas.
Vera Z Albuquerque
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