domingo, 8 de junho de 2014

A MALDADE COMO PODEROSO ELEMENTO DO PROGRESSO HUMANO

“Os sentimentos fixos e de forma constante qualificados de paixões
constituem, também, possantes fatores de opiniões, de crenças e,
por conseguinte, de conduta. Certas paixões contagiosas tornam-se,
por esse motivo, facilmente coletivas. A sua ação é, então, irresistível.
Elas precipitaram muitos povos uns contra os outros nas diversas fases
da história. As paixões podem excitar a nossa atividade, porém, alteram,
as mais das vezes, a justeza das opiniões, impedindo de ver as coisas
como realmente são e de compreender a sua gênese. Se nos livros de
história são abundantes os erros, é porque, na maior parte dos casos,
as paixões ditam a sua narrativa. Não se citaria, penso eu, um historiador
que haja relatado imparcialmente a Revolução. 
O papel das paixões é, como vemos, muito considerável nas nossas
opiniões e, por conseguinte, na gênese dos acontecimentos. Não são,
infelizmente, as mais recomendáveis que têm exercido maior ação.
Kant reconheceu a grande força social das piores paixões. A maldade
é, no seu juízo, um poderoso elemento do progresso humano. Parece,
infelizmente, muito certo que, se os homens tivessem seguido o preceito
do Evangelho “Amai-vos uns aos outros”, ao invés de obedecerem ao da
Natureza, que os incita a se destruírem mutuamente, a humanidade
vegetaria ainda no fundo das primitivas cavernas.”

(Gustave Le Bon, in 'As Opiniões e as Crenças';
Psicólogo/Sociólogo, França 1841 // 1931)

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