domingo, 13 de março de 2016

A ORIGINALIDADE

“Eu não acredito na originalidade.
É mais um feitiço na nossa época de vertiginoso desmoronamento.
Creio na personalidade através de qualquer linguagem, de qualquer
forma, de qualquer sentido da criação artística.
Mas a originalidade delirante é uma invenção moderna e um vigário
eleitoral.
Não falta quem queira fazer-se eleger Primeiro Poeta do seu país,
da sua língua ou do mundo.
Correm, então, em busca de eleitores, insultam quem aparente
possibilidades de lhes disputar o cetro e, desse modo, a poesia
transforma-se numa mascarada.
No entanto, é essencial conservar a direção íntima, manter o controle
do crescimento que a natureza, a cultura e a vida social asseguram
ao desenvolvimento das excelências do poeta.” 

(Pablo Neruda, in “Confesso que Vivi”)

Nenhum comentário:

Postar um comentário