quarta-feira, 5 de outubro de 2011

O CÉU

''De além-horizonte norte e além-horizonte sul, de além-terra
a além-mar, reina, calmo e sereno, o céu.
E reparei que o céu está sempre em movimento, mas nunca some.
Que, aconteça o que acontecer, o céu está sempre conosco.
Que o céu não pode ser afetado.
Meus problemas, para o céu, não existem, nunca existiram
e nunca existirão. Que o céu não interpreta o mal.
Que o céu não julga. Que o céu, muito simplesmente, existe.
Existe, quer desejemos aceitar esse fato ou nos enterrar-nos
debaixo de mil quilômetros de terra ou mais fundo ainda, sob o
teto impenetrável da rotina.
- Ora, desça das nuvens, bote os pés no chão! – dizem as pessoas.
Mas, em ocasiões tão diversas quanto naquela praia deserta ou numa
rua super movimentada, eu fui transportada do mais negro desespero
para a liberdade. Da irritação, da raiva e do medo para a constatação:
-Ora, que me importa? Eu sou feliz! Só por olhar o céu...
O céu não é Deus, mas para as pessoas que gostam de voar, o céu pode
ser um símbolo de Deus e, pensando bem, até que um bom símbolo...
O céu está sempre lá em cima. Não pode ser enterrado, transladado,
acorrentado, arrasado.
O céu existe, apenas, queiramos nós ou não, olhemos ou não para ele,
amemo-lo ou odiemos-lo. Existe: quieto, grande, presente.
O céu é uma coisa misteriosa. Está sempre se movendo, mas nunca
desaparece. Não liga, para nada que seja diferente dele.
O céu sempre existiu, sempre existirá.
O céu não entende o mal, não fica ofendido, não exige que façamos
nada em especial, em nenhuma altura.
Não é um bom símbolo de Deus? ''

(Richard Bach)

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