sábado, 27 de fevereiro de 2016

O TEMOR COMBATE-SE COM A ESPERANÇA

“Não haverá razão para viver, nem termo para as nossas misérias,
se for mister temer tudo quanto seja temível.
Neste ponto, põe em ação a tua prudência; mercê da animosidade
de espírito, repele inclusive o temor que te acomete de cara descoberta.
Pelo menos, combate uma fraqueza com outra: tempera o receio com
a esperança.
Por certo que possa ser qualquer um dos riscos que tememos, é ainda
mais certo que os nossos temores se apaziguam, quando as nossas
esperanças nos enganam.
Estabelece equilíbrio, pois, entre a esperança e o temor; sempre que
houver completa incerteza, inclina a balança em teu favor: crê no
que te agrada.
Mesmo que o temor reúna maior número de sufrágios, inclina-a
sempre para o lado da esperança; deixa de afligir o coração, e figura-te,
sem cessar, que a maior parte dos mortais, sem ser afetada, sem se ver
seriamente ameaçada por mal algum, vive em permanente e confusa
agitação. É que nenhum conserva o governo de si mesmo: deixa-se
levar pelos impulsos, e não mantém o seu temor dentro de limites
razoáveis.
Nenhum diz: - Autoridade vã, espírito vão: ou inventou, ou lho contaram. 
Flutuamos ao mínimo sopro.
De circunstâncias duvidosas, fazemos certezas que nos aterrorizam.
Como a justa medida não é do nosso feitio, instantaneamente uma
inquietude se converte em medo.”

(Lucius Annaeus Sêneca)

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