quarta-feira, 25 de abril de 2018

O TEMOR COMBATE-SE COM A ESPERANÇA

“Não haverá razão para viver, nem termo para as nossas misérias,
se for mister temer tudo quanto seja temível.
Neste ponto, põe em ação a tua prudência; mercê da animosidade
de espírito, repele inclusive o temor que te acomete de cara
descoberta. Pelo menos, combate uma fraqueza com outra:
tempera o receio com a esperança.
Por certo que possa ser qualquer um dos riscos que tememos,
é ainda mais certo que os nossos temores se apaziguam, quando
as nossas esperanças nos enganam.
Estabelece equilíbrio, pois, entre a esperança e o temor; sempre
que houver completa incerteza, inclina a balança em teu favor:
crê no que te agrada.
Mesmo que o temor reúna maior número de sufrágios, inclina-a
sempre para o lado da esperança; deixa de afligir o coração,
e figura-te, sem cessar, que a maior parte dos mortais, sem
ser afetada, sem se ver seriamente ameaçada por mal algum,
vive em permanente e confusa agitação.
É que nenhum conserva o governo de si mesmo: deixa-se
levar pelos impulsos, e não mantém o seu temor dentro de
limites razoáveis. Nenhum diz: - Autoridade vã, espírito vão:
ou inventou, ou lho contaram.
Flutuamos ao mínimo sopro.
De circunstâncias duvidosas, fazemos certezas que nos
aterrorizam. Como a justa medida não é do nosso feitio,
instantaneamente uma inquietude se converte em medo.”

(Lucius Annaeus Séneca)

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