segunda-feira, 15 de julho de 2013

O AMOR É O ELIXIR DA JUVENTUDE

O amor é um poema.
Dói e canta cá dentro. Tem a filosofia das árvores, a lição do
mar, os ensinamentos que as aves recolhem quando migram
para lá dos desertos, de onde hão de regressar mais sábias e
seguras.

O amor é uma causa.
Uma luta excessiva com a divindade dos dias e a sua fogueira
obscura. Mas também contra o mistério de si mesmo, uma
paz que nos dá o cansaço e a loucura infeliz da felicidade, esse
primitivo terror dos sinos que tocam como um aviso aos densos
nevoeiros súbitos do mar. 

O amor é uma casa.
Erguida com os beijos, com os versos da noite e o gemido
das estrelas. Casa cujas paredes vestem o nosso júbilo, a
nossa intuição, a nossa vontade, sobretudo o nosso instinto
e a nossa sabedoria. Onde se acende e brilha a luz suplicante
da pele comprometida dos amantes.

O amor é um gigantesco pequeno mistério, uma estranha
generosidade que faz com que, quanto mais damos, com
mais ficamos para dar. 

Só o amor é o elixir da juventude.
Não esse que sempre se procurou nas indecifráveis formulas
dos antigos livros de magia e de alquimia, mas aquele que
está tão perto de nós que, por vezes, o pisamos sem reparar. 

(Joaquim Pessoa, in 'Guardar o Fogo')

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