sexta-feira, 31 de janeiro de 2014

FILOSOFIA: PAUSA E PERPLEXIDADE

Gosto de pensar que a Filosofia começa na pausa, no silêncio.
Vejo quanta gente na sala de aula, querendo demonstrar o que
sabe, e não saboreia a Filosofia nos seus menores detalhes.
A pressa de demonstrar conhecimento sufoca o espaço silencioso
da reflexão construtiva, que acontece à conta-gotas.
A reflexão começa com a perplexidade com a realidade, como
diria o filósofo Gerd Bornheim.
Não falo de um silêncio estático e torturante, mas de um silêncio
inquieto que sobrevive de indagações escondidas.
Parece que o homem de hoje, perdeu a capacidade de ficar perplexo,
de não se conformar com as coisas que acontecem em sua volta.
Parece que perdeu a capacidade de parar e ficar consigo mesmo,
sem pressa de chegar.
Por isso que uma aula de Filosofia não faz efeito em mim no mesmo
dia em que ela foi dada, demora um certo tempo, o tempo que essa
aula demora em mim. Sinto seus desdobramentos, suas nuances.
Sou formado e ao mesmo tempo inacabado. Como diria Husserl,
meu limite é o infinito, minha finalidade é a infinidade.
Não vou sozinho, tenho companheiros que junto comigo, desbravam
a aventura de ir até o limiar da razão e descobrirem os limites da
razão e o que pode ir além dela.
Por isso que a minha travessia, feita de pedras, é mais feliz...

(Ricardo Ferrara)

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