terça-feira, 20 de dezembro de 2016

MÃOS POSTAS EM PRECE

Descalça, acanhada,
A pobre coitada,
De mãos postas em prece,
Sofre; e, logo anoitece.

Sentada na rua
Deserta, tão sua,
Procura com os olhos
Seus sonhos simplórios.

Quem sabe, assim, esquece,
De mãos postas em prece,
Da solidão de um mundo só,
Refúgio dos massacres sem dó.

Cabeça baixa, doída,
Das angústias, a mais sentida:
A ingratidão de um quase irmão,
Que corrói seu apertado coração.

Não que exija o ouro,
Tampouco, a aparição de um tesouro.
Mas, pede, apenas, a compreensão;
A chance do respeito e da consideração.

E, é de seu direito
Que um serviço de socorro perfeito,
Seja-lhe prestado;
E, com muito cuidado.

Da criatura tudo foi tirado
Sem nada lhe ter sobrado.
Mas, de mãos postas em prece,
Ela chora; e, amanhece.

De pé, cabeça erguida,
Recebe da vida
A alegria maior, a esperança.
Cessa a luta e sua mente descansa.

E, das horas sofridas
De dores e lidas,
Só resta o passado,
Agora, bem enterrado.

De mãos postas em prece,
Ela sorridente agradece.
Há luz em seu olhar
E uma vida a reformar.

Sempre é tempo de flores;
Partamos ao encontro dos mil amores.
De coração aberto, ela se enternece
Com as mãos postas em prece.

Vera Z Albuquerque

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