quarta-feira, 17 de junho de 2015

UMA VIDA EXTERIOR SIMPLES E MODESTA SÓ PODE FAZER BEM

"Uma vida exterior simples e modesta só pode fazer bem, tanto
ao corpo como ao espírito.
Não creio de modo algum na liberdade do ser humano, no sentido filosófico.
Cada um age não só sob pressão exterior como também de acordo com a sua
necessidade interior.
O pensamento de Schopenhauer: «O homem pode, na verdade, fazer o que
quiser, mas não pode querer o que quer», impressionou-me vivamente desde
a juventude e tem sido para mim um consolo constante e uma fonte
inesgotável de tolerância.
Esse conhecimento suaviza beneficamente o sentimento de responsabilidade
levemente inibitório e faz com que não tomemos demasiado a sério, para nós
e para os outros, uma concepção de vida que justifica de modo especial a
existência do humor. 
Do ponto de vista objetivo, pareceu-me sempre desprovido de senso
querer-se indagar sobre o sentido ou a finalidade da própria existência ou
da existência da criação.
E, no entanto, cada homem tem certos ideais, que o orientam nos seus
esforços e juízos.
Neste sentido o bem-estar e a felicidade nunca me pareceram um fim
em si (chamo a esta base ética o ideal da vara de porcos).
Os ideais que me iluminavam e me encheram incessantemente de alegre
coragem de viver foram sempre a bondade, a beleza e a verdade.
Sem o sentimento de harmonia com aqueles que têm as mesmas convicções,
sem a indagação daquilo que é objetivo e eternamente inatingível no
campo da arte e da investigação científica, a vida ter-me-ia parecido vazia.
Os fins banais do esforço humano: propriedade, êxito exterior e luxo
pareceram-me desprezíveis desde jovem." 

(Albert Einstein, in 'Como Vejo o Mundo')

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